terça-feira, 16 de agosto de 2011

Já não somos os mesmos e vivemos como nossos pais

Eu sinto muito o choque de gerações quando estou com alguns da minha família. Meu pai é exceção, ele entende que as coisas mudam, mas a maioria não é. É sempre a mesma tríade: concurso, estabilidade, e trabalhar pouco.

É difícil esse pessoal entender que as primaveras passaram. E como passaram! Não só isso, mudaram a forma como pensamos.

A gente, apesar de gostar bastante, não coloca o acúmulo de dinheiro em primeiro lugar. Nós queremos viajar. Nós queremos gastar. Poucos da gente pensam em ter 3 apartamentos para viver de aluguel. A ideia de ter um emprego estável em uma repartição para o resto da vida, embora tão bonita nos seus vitrais, nos repartem ao meio.

Quermos ser donos de algo. Material ou não. Queremos ter ideias e implanta-las antes que o fantasma da estabilidade e preguiça nos alcance.

Nós, apesar de termos sidos servidos a vida toda, somos amigos do garçom. Não notamos a diferença entre servido e servidor que era tão clara há 20 anos atrás. Não toleramos mal criação com qualquer que seja a pessoa, esteja ela sentada na sua mesa, no balcão do supermercado ou te trazendo uma cerveja.

A gente gosta de construir coisas. De verdade mesmo, estamos pouco preocupados com estabilidade. Talvez porque vocês se preocuparam demais com isso, ou talvez porque não seja mais preciso, dada a realidade que enfrentamos.

Nós queremos participar de coisas grandes, queremos mudar algo. Nós achamos mais interessante ser professor de um departamento pequeno e com gente afim de mudar algo, do que entrar em um já estabilizado e ter que lutar contra leões que, embora cansados, atrapalham um bocado.

A gente até topa fazer concurso para algum TR*, desde que possamos trabalhar de forma decente. Colocar a coisa pra frente, entendem? Não para ser mais um a interromper o carimbo às 17:59.

A gente, antes de vocês, percebeu que experiência tem pouco a ver com o tempo e muito a ver com o que se vive.

3 comentários:

Heloísa disse...

Olá João. Li o seu post através do Buzz e, consequentemente, os comentários sobre o assunto. Ao ler o texto interpretei, de forma errônea, que você era contra concursos, apesar de no final do post ter a seguinte declaração: "A gente até topa fazer concurso para algum TR*, desde que possamos trabalhar de forma decente. Colocar a coisa pra frente, entendem? Não para ser mais um a interromper o carimbo às 17:59.", mas pela ideia geral do texto interpretei que havia uma certa resistência sua em relação à concursos e quem os prestavam. Ainda existem pessoas que pensam só em "trabalhar pouco e ganhar muito", o que é desprezível, mas como uma leitora comentou tem muita gente querendo trabalhar de verdade, disso eu não tenho dúvida e eu acho que isso acontece na maioria das vezes, discordando de Marcus que acha que as coisas estão melhorando lentamente e essa melhora não vai muito longe. A maior parte das pessoas que ingressam no serviço público hoje são comprometidas com o que fazem, posso fazer essa afirmação em relação ao pessoal da minha área, pessoas com quem eu convivi durante o período de faculdade. Como você sabe eu sou de um curso onde eu acredito que 90% do corpo discente quer fazer concurso público, já que a maioria das profissões que um bacharel em direito pode desempenhar estão submetidas a esse tipo de seleção. Bem, a experiência que eu tive ao estagiar durante 1 ano e meio no Fórum de CG (6 meses no Juizado do Consumidor e 1 ano na Segunda Vara da Fazenda Pública) com pessoas recém passadas em concurso foi muito boa, concursados que realmente queriam ver a coisa funcionar. Repito, eu sei que ainda há pessoas que pensam somente nos benefícios que irão obter mas eu penso que atualmente grande parte dos servidores públicos que estão ingressando na Administraço Pública têm outro tipo de pensamento.

Abraços

João Arthur disse...

Oi, Helo! Olha só, esse mal-entendido aconteceu com outras pessoas. Está rolando uma discussão em outra rede social por aí. Vou colocar aqui o que postei lá, ok?!

"Gente, acho que esse é o caso que vale a pena eu intervir e tentar esclarecer um pouco mais o meu texto.

Eu não sou contra concurso. Não sou de forma alguma. Muito provavelmente o meu emprego será conquistado via concurso público. O que debato, e não vejo o porquê de não debater, é fazer o concurso para:

"Ganhar X mil reais."
"Ter estabilidade"
"Trabalhar pouco"
"Não ser regulado"

Eu venho de um curso onde os profesores são exceção. É impressionante o quanto se esforçam alguns professores do DSC. Eu quero isso pra mim. Eu quero poder mudar o lugar onde for trabalhar. Seja no público, seja no privado.

Já passei por coisas do tipo:

- Vou fazer o concurso do TR*
- Vai fazer o que lá, bicho?
- Ganhar XK reais.


Entendem?

Eu não faço concurso para TR* porque não tenho competência (e uma série de outras coisas) para passar. Eu faria se pudesse desempenhar um papel decente lá (como eu acho que existe) e tivesse capacidade.


E por fim, o mais interessante. O que motivou o post não foi nada disso :) Foi o todo, não a parte."

João Arthur disse...

Bom, agora que vi que você acompanhou lá também :)

É isso. Eu fiz, faço e farei concurso. Não posso ser ocntra algo que eu faço :)

A bronca é a maneira como alguns encaram essa história.