segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Resumindo as discussões sobre o post anterior

Pessoal, muito legal as discussões geradas pelo post anterior. Faz tempo que eu não incendiava tanto. A última vez foi quando disse que Bono Vox é o Reginaldo Rossi Irlandês.

Resolvi fazer esse post para resumir alguns pontos interessantes. Alguém me corrige  se eu estiver errado.

O primeiro é: Pelo menos estamos preocupados/incomodados com a questão. Isso é um ótimo sinal e devemos seguir questionando. (Não sei se foi isso que Nigini quis dizer com "Espero que meus colegas novos cientístas continuem novos...")

- Isso devemos (pelo menos eu devo) muito aos nossos professores. Em especial, esse semestre, Raquel e seu filho mais velho - o método científico.

Nazareno acha que outro ponto muito importante é a relevância do que se estuda. O que faz muito sentido, embora Matheus tenha dado um contra-exemplo interessante. "Apenas 8 anos depois minha pesquisa foi utilizada."

Além disso, muitos concordam que pressões por publicação pode ser um catalisador do comportamento desonesto. Só que, como sempre, Nazareno viu além. Ele lembra que isso é só um reflexo da maneira como somos avaliados (# de publicações).

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Será que o que fazemos é pesquisa?

Eu acho que vou ser bastante criticado por esse post, mas essa é a ideia.

Eu faço a pergunta do título porque acredito que o que nós temos feito está bem longe da palavra pesquisa em seu sentido denotativo - investigação, indagação, inquirição, busca.

O que me leva a pensar assim é fato de existir uma grande quantidade de trabalhos, inclusive o meu mestrado, da seguinte maneira:

"Tenho uma ideia interessante e preciso mostrar que ela faz sentido, escala, tolera falhas etc"

Esse é o primeiro passo. Só depois disso se pensa "Qual problema eu quero atacar?", "Quem são os trabalhos relacionados?" e "Que métrica utilizar para avaliar?".

Isso é tão verdade que, *muita vezes*, mudamos o problema sendo atacado sem que se mude a solução!

A última pergunta evidencia ainda mais a minha opinião. Se eu utilizar uma métrica que não me favorece, a minha primeira atitude é entender o porquê disso. A minha ideia nunca está errada. E eu não meço esforços para mostrar isso. Mudo os cenários, mudo os dados de entrada etc. Mudo até a métrica, se for preciso. (eu = pesquisador)

Nesse caso, esses pesquisadores podem ser vistos como "criadores de boas ideias".

Essa atitude é bem diferente de observar um fenômeno natural e perguntar: Por que isso acontece? O cara que faz isso está pesquisando o porquê de um determinado fenômeno. Mesmo que ele não tenha uma grande ideia, ele parece se aproximar mais da palavra pesquisa do que o tipo "criador de boas ideias."

O que eu acho é que essas duas espécies podem conviver tranquilamente. Por um lado, o pesquisador curioso identifica um fenômeno, o estuda e mostra o porquê dele acontecer. Enquanto que o pesquisador "criador de boas ideias" tenta bolar ideias que explorem aquele porquê.

No entanto, a espécie pesquisador curioso parece estar em estinção, ao menos em Ciência da Computação. Eu acredito que nós somos muito mais "criadores de boas ideias" e que empurramos essas ideias goela abaixo com alguma métrica que nos satisfaça.