Campina Grande é uma cidade ruim em quase todos os sentidos. Ela é hostil. Ela não é acolhedora, embora receba muitos retirantes.
A minha bronca com Campina Grande não é o fato dela ser uma cidade à beira do caos. Quase todos os lugares que conheci são inóspitos. Recife é péssima. Salvador é bem por aí. João Pessoa não é Zurich na beira do mar como dizem. O que me irrita em Campina Grande é o fato de terem se acostumado com isso.
Se você tem um Monza 89 você tem 3 opções:
- Cagar e andar (que expressão!) para o que os outros pensam sobre o seu carro velho.
- Tentar melhorar seu carro ou melhorar de carro.
- Entrar para o clube do Monza.
A duas primeiras opções, na minha opnião, são digníssimas!!! Mas os campinenses entraram para o clube do Monza das cidades ruins. Eles acham que está tudo bem. Sentem até orgulho.
"Po, bicho. Culpa sua também, né? Quem mandou andar pelo centro a essa hora?"
"Ah, velho. Você vai andar à pé em bodocongó. Bem feito."
"Está reclamando? Get back to where you once belong, po."
"O cara que deu o tiro veio da torcida do São Paulo."
É impressionante. A culpa nunca é da situação em que a cidade está. Nunca é a cidade, afinal, existem outros lugares piores.
Pelo que conta a história, Campina, no passado, já foi um Monza zerinho!!! Mas passou, gente. Dá a impressão de que só sobrou a lembrança de um dia ter sido um carro novo.
O que ficou foi esse sentimento traiçoeiro chamado orgulho. Não importa o que aconteça, meus 3.5 graus de miopia orgulhosa só me mostram uma cidade maravilhosa.