terça-feira, 2 de março de 2010

Bando de Brasileiros!

Uma coisa tem me incomodado bastante ultimamente. E não são as derrotas do meu time. O que tem me irritado é essa mania de "por que você não mora fora?". "Lá é seguro. Você pode usar seu mac de dentro do ônibus às 3 horas da manhã." Essa coisa bem médio-classista de ainda olhar pro leste como quem olha para o patrão. Admirando, invejando e copiando seu estilo de vida requintado. Essa mania de vender o fígado para passar as férias em Paris, e não conhecer a chapada diamantina ou o delta do parnaíba.

Pois bem, meus novos ídolos agora são os que colocam uma mochila nas costas e vão conhecer a américa latina. Esses são meus heróis porque olham para nós mesmos. Somos muito mais incas e astecas do que franceses ou ingleses. Somos porque temos a mesma história, derramamos quase a mesma litragem de sangue para manter nossa marca. Novos ídolos, não! Admiro faz tempo Martinho da Vila porque foi um dos poucos que foi à África aprender samba. Procurar gente da gente é o que faz a diferença entre brasileiros e euro-brasileiros.

Embora tenha vontade de conhecer Paris, eu pouco me importo com a Torre de Ferro que lá existe. Queria sim passear pelas ruas e becos franceses. Queria, porque é lá que cada um dos turistas deixam meio milímetro de sola de sapato e alguns Giga de experiências incríveis. Queria experimentar sua carne, seus entorpecentes e seu pão. Assim como faço por aqui. Portanto, enquanto aqui sobrar becos e botecos de esquina, não invejo quem mora além mar.

Sempre preferi a magia e obscuridade dos terreiros às catedrais de cartões postais européias. Eu gosto de amigos, gosto de gente. Fico ansioso quando num sábado está marcado aquela cerva na casa de algum dos meus marginais. Fico pensando "com que roupa eu vou pro samba que o arnesto me convidou". Gosto do pagode, do samba, de noel, de adoniran, da música brasileira. Ensaio piadas, afino o violão, tiro a poeira do cavaco, porque sei que vão gostar de me ouvir tocar. E vão cantar! Mesmo bêbados e descompassados. E sei que há hora pra começar, no entanto, não há para acabar. Sei que isso, por lá, não vou encontrar. Nem amigos verdadeiros, nem festas sem horário.

Ainda que pareça um grito policarpo ou de alguém que acha que o melhor do brasil é o brasileiro, corro esse risco. Sem botar banca, e sem querem fugir do que sou, é isso mesmo!
Isso que sou (que somos, mesmo que alguns não queiram). Um bucado de brasileiro que no DNA carrega sangue, suor e cerveja. E mesmo que você deseje a tranquilidade de andar com seu Macbook em uma lotação de um país desenvolvido, mesmo que você consiga, saiba, a miséria daqui não vai diminuir por isso. Essa é sempre a solução adotada por muitos para resolver o problema. Esconder ele. Empurrar para a periferia. Varrer pra de baixo do viaduto. Fugir num navio para que possa nunca mais ter contato com esse bando de brasileiro pobre e mal-educado. Vocês só me fazem lembrar a tal madame que João Gilberto jogou pedra, tal como o rebanho de tolos em Gêni de chico.

Vão. Mas, vão voltar. Com certeza. Vão voltar porque o que vai falar mais alto é o pedaço da língua que identifica um bom picado, uma moela e uma couve no alho. O que vai falar alto depois de um tempo é o que corre nas veias e formiga os pés, fazendo com que se movam em forma de samba. Seu bando de Brasileiros!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Não adianta

Já procurei por todo canto
mas não adianta
na melodia de luiz ela não se escondeu
pelo pagode de zeca ela não anda

A vila de martinho vasculhei
pela batida do pandeiro de jackson tentei chamar
onde se meteu, não sei
para tê-la de volta, até a viola de paulinho eu fiz chorar

não adianta
sem ela, emudeceu-se tudo que canta
nem implorando
tudo que gritava, agora anda susurrando
esperando ela voltar…

chora viola de paulinho
canta um pagode, zeca pagodinho
pra ela voltar

eu trago martinho lá da vila
de luiz, canto uma melodia
pra ela voltar

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Branco no samba

Resolveu fazer samba
chamou a mulher de preta, morena, minha menina
saiu como malandro
descendo o morro e esbarrando em rima
calça branca, bem feita a bainha
passos leves, como quem tem os pés a meio metro do chão
sorriso fácil, ginga no corpo, apesar da pele cor de algodão

Brigou com a gaita
mas quem chorou foi o cavaco
deu no pandeiro com tanta força
que acordou o pessoal dos barracos

e todo mundo sambou
embora não fosse samba de preto velho,
teve gente que até gostou

e todo mundo sorriu
embora não fosse malandro pra isso
teve mulata casada que por ele perdia o juízo

e todo mundo cantou em coro,
o refrão descompassado
do sambista que não veio do morro.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Errata: Quantificando facilidade de uso

Me expressei mal em relação à métrica do post anterior.

Quando disse:

"eu faço uma comparação simples entre o número de métodos que o programador esperava que houvesse na API e o número de métodos que realmente estão lá."

Eu quis dizer: Eu contabilizo quantos dos métodos presentes no pseudocódigo estão na API. A medida é a API tem X% do que o cara espera. Ou seja, eu pego os métodos que ele gostaria que tivesse na API e vejo quantos deles estão presentes nela.

Quantificando facilidade de uso

Estou fazendo a avaliação de usabilidade de uma API. O método que estou seguindo é o "think aloud protocol for APIs" - um método baseado na avaliação de usabilidade de interfaces gráficas e que foi modificado para APIs.

Em linhas gerais, este método consiste em observar programadores durante o desenvolvimento de algumas tarefas que usam a API. A parte do Think Aloud é feita pelo programador. Ele verbaliza quais as dificuldades que encontra pelo caminho para escrever o código de determinada tarefa. Este método, portanto, suporta a avaliação qualitativa de APIs, pois a observação do comportamento do programador é uma de suas bases.

No entanto, como eu sempre gosto de extrair números das coisas que estou avaliando, acabei bolando uma métrica baseada na seguinte frase:

"It is the comparison between what developers expect and what the API provides that is interesting when evaluating the usability of an API" (Steven Clarck)

O que eu fiz foi pedir para que os programadores, sem conhecer a API, fizessem o pseudocodigo de determinada tarefa. A partir daí eu faço uma comparação simples entre o número de métodos que o programador esperava que houvesse na API e o número de métodos que realmente estão lá.

É uma métrica simples, mas acredito que podem tornar as coisas menos subjetivas.

Dessa maneira, acabo me aproveitando de todo o apoio do protocolo para avaliação subjetiva e ainda crio uma métrica que pode servir como resultado quantitativo.

O que acham?

terça-feira, 7 de julho de 2009

Como fazer um review

Preciso fazer a revisão de um artigo e achava que tinha idéia de como fazer. Decidi pesquisar sobre o assunto e Tico Meleca me orientou ler um artigo muito interessante que dá diretrizes de como fazer uma revisão. Leia aqui.

Vou relatar algumas dessas dicas, sobretudo as que achei interessante:

#1 - Faça um resumo do artigo
#2 - Faça um ensaio sobre as contribuições do artigo

Comentários específicos

#3 - Inovação. O que há de novo no trabalho? Algum trabalho relacionado foi deixado de lado? O trabalho relacionado invalida o trabalho do artigo?

#4 - Quão bem escrito é o paper? Mais uma vez, o foco aqui parece ser o de indentificar se a escrita está clara. Se o problema é bem delimitado. Em segundo plano, mas também importante, entra detalhes gramaticais.

#5 - Aponte detalhes positivos que te chamou a atenção.

#6 - Aponte detalhes negativos que te chamou a atenção.

#7 - O paper se enquandra na conferência que ele se propõe a ser aceito? Isto é, ele está em conformidade com o CFP?

Por fim, uma conclusão seria interessante. Você pode separar pontos positivos e negativos, mas o mais importante são as recomendações e sugestões que você tem para contribuir com o trabalho sendo avaliado.

Ser revisor de um artigo dá uma certa posição de poder em relação aos autores. Principalmente porque a revisão é anônima. A dica do autor é não abusar desse poder. Não seja irônico, rude ou boa praça. Cuidado com a escrita de críticas e elogios.

Separei uma frase muito abcana que resume o espírito de uma revisão:

"it’s very easy to transform every negative comment into a constructive suggestion"


[]'s

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Jazoon!


Eu e o Seu Gosling no Jazoon.